30.10.2008

O LIVRO - A MOEDA DO FUTURO?

No site da Andross (Perguntas Frequentes) acha-se o seguinte trecho:

"Enviando a obra, eu perco os direitos autorais para a editora?
Não. O autor é e sempre será o legítimo titular dos direitos autorais sobre a obra, assegurados em contrato. Isso não aconteceria se o autor assinasse um Contrato de Cessão de Direitos Autorais, que não é o caso, uma vez que o contrato a ser celebrado é um intitulado Contrato de edição."

"Este trabalho em antologia visa a dar oportunidade a novos escritores de terem seus textos publicados em livros impressos, uma vez que é difícil uma editora investir em autores iniciantes por conta do retorno das vendas, que acaba não vindo exatamente porque os autores são desconhecidos. Assim, ficaria difícil pagar altos direitos autorais. Então, a Andross se compromete a entregar dois exemplares do livro (para contos e crônicas; no caso de poemas e microcontos, um livro) como direitos autorais. Uma outra forma de o autor poder ganhar com a publicação é vender a antologia por alguns reais a mais do que a editora pede. Assim, ele pode ficar com a diferença."

Porém, no email que recebi do E. da Editora Andross consta:

"Pagamos aos autores 10% do da publicação aos autores. Isso é feito em livros. Então, se a cota do autor é de 20 livros, nós entregamos 2 livros de direitos autorais.(Espero que tenha lido o nosso regulamento de publicação que está em nosso site. só assim entenderá o que eu escrevi acima.)"

Isso valia uma bela sátira, mas estou pasmo demais. A editora vende exatamente o que? Serviços de edição? Quem já viu um prestador de serviços que tem direito a praticamente 100% do lucro dos direitos dos outros? Ou ela vende a ilusão dos 15 minutos de fama?! O principiante cria uma obra, arca com as despesas de produção e ainda é obrigado a se tornar livreiro?!

E isso tudo, porque contratou a editora para publicar sua obra sem perder os direitos autorais.

Helloôu!

Os autores que nunca abriram mão dos direitos autorais, recebem pelos mesmos direitos autorais e pelo trabalho de livreiro 10% em forma de livro, sendo que cada livro sai a preço de custo para a editora. Naturalmente, não 10% do lucro, mas "da cota". E a editora ainda dá mais uma sobremesa cinica quando recomenda ao autora pensar como um comerciante e não publicar mais de uma obra:

"Poderei publicar mais do que uma obra, caso sejam aprovadas?
O autor arcará com a venda de 20 exemplares* por obra publicada. Sendo assim, se quiser publicar duas ou três obras, ele precisará vender 40 ou 60 livros respectivamente. Contudo, pedimos que pensem muito se desejam realmente a responsabilidade de vender tantos exemplares. 20 não é difícil, mas, de 40 em diante, as coisas começam a se complicar. Pensem com a razão de um comerciante e não com o coração de um autor que nunca publicou. Resumindo: o autor não é obrigado a publicar mais de uma obra se não quiser."

Esta mesma editora que publica apenas para ajudar os autores e não consegue pagar direitos autorais em dinheiro - o que significaria que não pensa com a razão de um comerciante, pois o objetivo do comerciante é fazer lucro -, recomenda que o autor pense com a razão de um comerciante?

Então, principiante, PENSE COM RAZÃO DE UM COMERCIANTE, firmemente - até sair fumaça da cabeça, se for necessário: realmente quer celebrar um contrato, onde você faz tudo e não ganha nada?

E quem acredita que a Andross é filantrópica suficiente (e, portanto, não pense com a razão de um comerciante) para publicar 15 antologias deste tipo, levante a mão.

Quem levantou a mão, leia o artigo na www. minharua.com (http://www.minharua.com/index.php?option=com_content&task=view&id=298), onde se acha a seguinte frase (depois da explicação do conceito das antologias):

"Com este modelo, a Andross faturou R$ 100 mil no ano passado e espera, para 2007, um acréscimo de 75%."

Pobre principiante na hora de descobrir que não dá para pagar o passe do ônibus ou o café com seu livro.

E olhe o desespero do autor/editor/livreiro na tentativa de convencer os outros da nova filosofia da Andross: livro é moeda.

O editor voltou a sua piscina e o autor a idade média: troco livro por uma garrafa de água.

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